(C) Global Voices This story was originally published by Global Voices and is unaltered. . . . . . . . . . . O amor dos tártaros pelo chá e “a hora do chá que nunca acaba” [1] ['Elmira Lyapina'] Date: 2024-06-25 Um dos maiores choques culturais para os turcos na Europa é pedir chá em uma cafeteria ou tomá-lo na casa de um amigo europeu. É difícil esconder sua surpresa e decepção ao recebê-lo em um saquinho. Para um turco, o chá recém-preparado não é apenas um costume, mas também um sinal de hospitalidade. O consumo de chá ocupa um lugar especial na vida dos tártaros. Ditados tártaros como “A mesa de chá é a alma da família” ou “A hora do chá nunca acaba” demonstram a sua importância na vida cotidiana. Os tártaros bebem chá várias vezes por dia. Se você perguntar “O que é o chá tártaro?”, obterá várias respostas ao mesmo tempo, afirmando que aquele tipo específico de chá é considerado verdadeiramente tártaro. Preto, verde, de ervas (com hortelã, orégano, tomilho), floral, com mel, com leite, com leite e sal, de frutas (maçã, pera) ou frutas vermelhas (morango, framboesa), mas também de folhas de arbustos de frutas vermelhas. Talvez a razão por trás de uma definição tão ampla do verdadeiro chá tártaro seja a história cultural e geográfica da comunidade. A opção mais popular é o chá com leite, que não deve ser confundido com o popular método inglês. Embora aparentemente não houvesse comunicação direta entre os ingleses e os tártaros, existem algumas teorias sobre conexões antigas entre os dois povos. Mas as origens do método tártaro de preparar a bebida são diferentes. Inicialmente, adicionar leite com alto teor de gordura ao chá atendia às suas necessidades práticas. Devido ao emprego constante de tarefas físicas pesadas associadas ao trabalho agrícola, eles não tinham tempo suficiente para preparar vários pratos e refeições elaboradas. Portanto, a pausa para o chá era uma fonte de recuperação e energia. O chá chegou oficialmente aos tártaros vindo da China no século 17, embora se acredite que os mongóis o tenham trazido ainda mais cedo, no século 13, e que, no início, era considerado uma bebida de elite. Todos conhecem a palavra samovar (do russo samo, traduzido como “si mesmo” e var, traduzido como “cozinhar”), que migrou para outros idiomas, inclusive o turco. Na verdade, a palavra entrou no idioma turco através dos tártaros nos séculos 18 e 19, quando, buscando proteger a sua identidade religiosa (islâmica) dentro do Império Russo cristão, eles decidiram se mudar para o Império Otomano. No entanto, a tradição de tomar chá se estabeleceu mais firmemente entre os tártaros do que entre os russos, tornando-se parte integrante da cultura popular. É impossível imaginar uma família tártara convidando alguém para tomar outra bebida que não seja chá. Para eles, o hábito de tomar chá é tão comum em reuniões de negócios quanto em encontros informais com a família e amigos. O etnógrafo e historiador Karl Fuchs observou, por exemplo, que a maioria deles bebe pelo menos quatro xícaras por dia, e que todo tártaro rico tem seu próprio samovar. Uma característica comum dos tártaros é a “mesa festiva”, em que cada chá é acompanhado de iguarias simples. “Tatar chae berkaychan da betmi” ou “A hora do chá nunca acaba”, é o que se diz sobre essas reuniões com convidados e comidas festivas. O chá é acompanhado de geleia, mel, frutas secas, doces, talkysh-kaleve, além de tortas, que incluem gubadiya, balish, elesh, peremech, uchpuchmak, baursak, chak-chak, kosh tele e outras. As tortas são recheadas com carne, frutas e legumes e, em seguida, assadas ou fritas. O chá começa a ser servido após o prato principal, acompanhado de guloseimas doces e salgadas. Assim, passa-se efetivamente do almoço para o jantar, quando o chá é adiado apenas por um momento para que possa ser servido novamente recém-preparado, com mais petiscos. Historicamente, para não estragar o sabor, os tártaros comem o açúcar em vez de colocá-lo no chá. “Kunak ashy – kara karshi” ou “O tratamento do convidado é recíproco”. A hospitalidade tem sido uma das principais virtudes desde a Bulgária do Volga. Ela também remonta ao islã, que diz que a comida deve ser compartilhada com vizinhos, convidados ou pessoas necessitadas. [END] --- [1] Url: https://pt.globalvoices.org/2024/06/25/o-amor-dos-tartaros-pelo-cha-e-a-hora-do-cha-que-nunca-acaba/ Published and (C) by Global Voices Content appears here under this condition or license: https://globalvoices.org/about/global-voices-attribution-policy/. via Magical.Fish Gopher News Feeds: gopher://magical.fish/1/feeds/news/globalvoices/