(C) OpenDemocracy This story was originally published by OpenDemocracy and is unaltered. . . . . . . . . . . Lula, com inimigos em casa, completará um ano de governo [1] [] Date: 2024-02 O novo e terceiro mandato de Lula teve um início difícil. Quando tomou posse em 1º de janeiro deste ano, ele prometeu reconstruir um país em "terríveis ruínas". Mas não foram apenas ruínas que ele teve de enfrentar: muitos ovos de serpente para chocar em diferentes ninhos dentro da administração que ele assumiria. Apesar disto, Lula ao que parece decidiu descansar sobre os louros de ser um pragmático e negociador bem-sucedido; o que significa selecionar ações sem impactos sistêmicos e fazer parcerias e compromissos com pessoas que estão determinadas a minar o que ele afirma defender. Suas promessas eleitorais de crescimento macroeconômico, combate à desigualdade e à fome, aumento do salário mínimo e dos impostos sobre a riqueza, combate à pobreza, habitação social financiada pelo Estado e redução do desmatamento (desmatamento líquido zero) e da mineração ilegal foram relativamente cumpridas e este feito parece muito mais positivo quando comparamos à terra arrasada deixada por Bolsonaro. Contudo, estes avanços só poderiam ser realmente positivos se estivessem funcionando dentro de um conjunto de políticas públicas de direitos humanos interministeriais mais abrangentes que levasse em conta o ecocídio em escala global. Em um país onde a realidade paralela da mídia social eclipsa tudo, como uma espécie de falsa democracia de massa, as conquistas de Lula um ano depois não se encaixam bem com a promessa que ele fez para o mundo em geral, não só para os brasileiros. Como presidente do país com a maior floresta tropical do mundo, a Amazônia, Lula representava uma última chance, se não a última chance, de salvá-la, e, portanto, o planeta; isto se ele tivesse realmente ousado desafiar todo o sistema que levou a Terra à beira de cinco grandes pontos de inflexão: 1) o colapso das enormes camadas de gelo da Groenlândia, 2) o desaparecimento da Antártica Ocidenta, 3) o derretimento do permafrost, 4) a morte dos recifes de coral e 5) a desaceleração da corrente oceânica conhecida como giro subpolar do Atlântico Norte, com todos os efeitos catastróficos em cascata que eles acarretam, uma vez que esses sistemas e outros estão intimamente interconectados. What do you think? Win a £10 book voucher for sharing your views about openDemocracy. Tell us Após o pesadelo do governo Bolsonaro, ele parecia ser praticamente o único político no mundo com a aparente estatura moral e diplomática para tentar usar seu poder geopolítico a serviço de direitos humanos verdadeiramente universais. Infelizmente, por qualquer motivo - afinal, ele tem 78 anos - ele não aceitou os grandes desafios de uma nova liderança radical que poderia ter ajudado a tirar a política mundial de sua atual situação difícil. Ataque ao Planalto Essa situação difícil deu seu primeiro sinal de ameaça, no âmbito doméstico, com o ataque orquestrado às sedes dos poderes Legislativo, Executivo e Judiciário do país em Brasília, em 8 de janeiro de 2023, que repetiu deliberadamente como farsa ou tragedia o ataque ao Congresso dos EUA dois anos antes. Mas há uma diferença crucial entre os dois eventos: os militares americanos declararam seu compromisso com a democracia, pelo menos dentro dos Estados Unidos; esta não é exatamente a posição do ministro da defesa de Lula, José Múcio Monteiro, cujo relacionamento com os militares golpistas é muito amigável. E esse golpismo em particular tem raízes profundas em mais de vinte anos (1964-1985) de ditadura militar, impunidade em relação a seus crimes e na recente relação com Jair Bolsonaro, um admirador descarado do regime ditatorial que nomeou oficiais militares para cargos importantes na administração civil. Não foi surpresa que, em janeiro, as forças armadas permitiram que os manifestantes acampassem em uma zona de segurança militar e os protegeram da prisão, alimentando os rumores de golpe – frutos de uma bem montada campanha de desinformação - nas mídias sociais. Com o ataque ao Palácio do Planalto, Múcio disse publicamente que estava tentando "controlar" os conspiradores - que pediam uma intervenção militar que daria início a um novo regime - colocando mais lenha na fogueira e convencendo Lula a usar a chamada GLO (Garantia da Lei e da Ordem), um dispositivo legal que permite ao presidente convocar uma operação "liderada pelas Forças Armadas" e cujo uso, especialmente nos governos anteriores do PT, promoveu o ressurgimento dos militares como um ator importante na esfera política brasileira. [END] --- [1] Url: https://www.opendemocracy.net/pt/lula-um-ano-governo-com-inimigos-em-casa/ Published and (C) by OpenDemocracy Content appears here under this condition or license: Creative Commons CC BY-ND 4.0. via Magical.Fish Gopher News Feeds: gopher://magical.fish/1/feeds/news/opendemocracy/