A chuva que cai hoje não é a chuva do meu passado, essa que caiu lá longe, lá ficou. Hoje, aqui longe desse sítio, longe desse tempo, é outra a chuva que cai, é outro o sol que brilha. É tarde mas não me deixa Não me deixa o sol nocturno do verão setentrional, como não me deixa a luz da modernidade. Traz consigo a ilusão da vida eterna, da noite que se demora a cair, da vela que teima em não apagar. Depserta a saudade da finitude das coisas e dos tempos de juventude em risco de acabar. Estes dias que não passam são para mim tão artificiais como a pálida luz que ilumina esta página... Esgota-se me o vinho, esgota-se me a paciência... Estocolmo 30 de Julho de 2020