Degredo digital Não há muito que dizer nestes dias que passam, nestes meios que fluem. O tempo foge, escorre-se por entre os dedos. A minha cara que outrora fui eu, a voz que foi em tempos minha. Toda a minha essência física, deixada a mim, lentamente definha. Neste reino digital, sorrio, rio, abraço com o pressionar de um par de botões. Condensei a condição humana a um aborrecimento sem fim. Aperfeiçoei as emoções, até só restar uma. Tristeza não é, que nada resta de drama, Aborrecimento também não que me falta a vontade de partir. Só me resta a indiferença, o sentimento de não sentir. Estocolmo, 29 de Abril de 2021